terça-feira, 5 de maio de 2009

É Talvez o Último Dia da Minha Vida



É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus,
Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada.

Alberto Caeiro


Como se de um jogo impossível de jogar se tratasse, deixas-me na expectativa, sem saber qual a jogada seguinte. Cansas-me a espera, e eu baixo os braços, não pelo cansaço, mas pelo imenso cansaço...
Como é bom saltar da cama todos os dias, respirar, para ter a certeza de que acordei com vida, e agradecer à força maior, qualquer que seja, por me ter deixado fazer parte de mais este dia.
Depois, assaltada por milhões de pensamentos, volta a vontade de enfiar a cabeça na almofada, porque afinal a alegria não é completa. Por mais perto que tenha chegado de a ver satisfeita, sempre volto a ter vontade de enfiar a cabeça na almofada.
E porque não o faço?
Serei superior às outras pessoas? Não..
Terei mais força do que os 'comuns mortais'? Nem pensar...
Recuso-me apenas a fazer parte do grupo de pessoas que vive de depressões, eternamente à espera de respostas, eternamente à espera que os outros as encontrem por nós.
Não é, ou, não deveria ser, afinal tão fácil entender que as respostas surgem quando as procuramos? E elas estão bem dentro de nós...
Uma coisa me faz confusão, entre outras, a facilidade com que se fala em 'esquecer' uma pessoa. Ouço vezes sem conta pessoas, conhecidos, 'amigos', dizerem 'vou esquecer a pessoa X'...e não seria isso também esquecer quem somos?
As pessoas que fazem parte das nossas vidas, que se cruzam no nosso caminho, não serão elas afinal, uma peça do nosso puzzle? Tudo se encaixa perfeitamente, se as peças não se danificarem, se não as desgastarmos, e se preservarmos tudo no lugar, sem causar estragos.
Como se isso estivesse em altura alguma, nas nossas mãos.

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