Planeei, como é normal, neste ponto da minha vida, ter já conseguido alguns objectivos. Não sei quem foi que quis que assim não fosse. Ou se fui eu.
Há 10 anos atrapalhei-me. Atrasei-me uns anitos na vida. 'De profundis, valsa lenta':
'Perdi as emoções, quase perdi a fala, a fala fica destroçada, perdi as relações, pois quando não se tem memória, não se tem relações, quando se perde a leitura e a escrita, fica-se impossibilitado de comunicar'.
Perdi muitas outras coisas, e pessoas também. Algumas, que sacudi, outras que fugiram. Hoje continuo sem entender que sensação é essa que impressão causo nas pessoas. Recalcamento? Dor?
Sei que sofro.
Sei que há 2 anos, quando me ignoraste neste dia sofri. Sei que nesse dia me arrancaste um pedaço do coração. Talvez o pedaço que fosse precisar a seguir. Mas então, porque raio me colocaste no caminho alguém que merecia ser amado?
Há dois anos, pedi mudança. Quis dar a volta. E dei. Tornei-me na melhor pessoa, e na pior também.
Abri os olhos para o amor, e para a falta dele.
Hoje, sei que me baralhaste toda. E eu continuo a tentar juntar as peças, para ver que figura vai aparecer-me no final. Encontrei o amor, e depois, tiraste-mo. Arrancaste-mo do peito, como se isso não deixasse marcas. Nem dor. Nem sequelas.
Fica dificil ter o teu sorriso. Manter a tua expressão de alegria. É com muita dor que te recordo neste dia, como foi com muita dor que te recordei neste dia, há 2 anos. Para saber dias mais tarde, que a dor era a tua. E o sofrimento, o teu, maior do que o meu.
Deixaste-me sem fôlego, deixaste-me vazia. Não sei a quem apertar a mão agora, e fico perdida. Estou perdida, e preciso que ajudes a encontrar-me.
Não tenho dado senão voltas sem destino. Encontrado caminhos sem rumo. Beijado lábios sem calor.
Encontrei o amor, e tu tiraste-mo. Saberás com certeza porquê.
Tira-me então agora este aperto no peito. Do peito. Faz com que não doa mais, como fazias quando eu esmurrava os joelhos. Como me coçavas as costas no sofá.
Faz com que os meus dias sejam, finalmente, felizes. Que te sinta bem pertinho de mim. E que me aqueças a alma, de tão fria.
Tenho tudo e falta-me tudo.
Tenho saúde e a falta dela. Amo, mas falta-me o amor.
Ajudas-me?
Tomas conta de mim e dás-me a mão para eu não me perder?
Obrigada Pai.
Vou amar-te sempre, por me teres deixado nascer.
Levanta o copo, lá no lugar onde estás, e sorri para mim. Eu vou saber que és tu. E vou ouvir a tua voz, como ouço sempre. Vou sentir a tua mão no meu ombro, a aperta-lo, como sempre fazias.
O que não podes fazer é pedir-me que não chore mais. Sabes bem que não consigo. Que me doi todos os dias. E que está a ser dificil.
Pensava, e tu sabes bem disso, que o finalizar do ano, ia ser muito diferente. Que ia ver concretizado um dos meus sonhos, e o teu sonho também. Desculpa não ter conseguido, desta vez, fui eu que falhei.
Sei que me perdoas, e que me passas a mão na cara, e me limpas as lágrimas enquanto durmo. Que assaltas os meus sonhos e os meus pensamentos, e tentas sossegar-me.
Um dia, talvez um dia, isso aconteça- Mas hoje não. E não me peças que sorria. Tu não estás aqui para sorrir comigo.
Sabes que falo de ti, não sabes?

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