quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Mentir é Morrer Espiritualmente

Dizer a verdade
Sabemos que mentir não é correcto, mas já nos questionámos se é correcto dizer uma mentira «piedosa»? A resposta é não. Chamamos «piedosas» às mentiras quando elas parecem inofensivas; contudo, em termos espirituais falamos do certo e do errado baseando-nos num princípio de conteúdo, como as coisas na verdade são, e não pela sua aparência.
Desde cedo aprendemos nos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental que uma mentira no Mundo dos Desejos «é tanto um crime como um suicídio», pois não só destrói o que falsamente representa, como também se destrói a si mesma no processo.
No estudo de Max Heindel intitulado Arquétipos, lemos que «quando se dá uma ocorrência, uma certa forma pensamento gerada no mundo invisível regista o incidente. Sempre que se fala ou comenta o incidente, é criada uma nova forma de pensamento que se coaduna com o original e o reforça, desde que ambos sejam verdadeiros e sintonizados com a mesma vibração. Mas se é proferida uma mentira acerca de um acontecimento, as vibrações do original e as da reprodução não são idênticas; não estão em sintonia e ficam desafinadas entre si, dilacerando-se mutuamente».
Este trecho é desenvolvido em A Teia do Destino (VI Parte: «A criação do ambiente — A génese das enfermidades mentais e físicas») onde aprendemos que os nossos padrões de pensamento durante a vida têm um impacto directo no arquétipo do corpo, do qual depende a nossa condição física em vida, e ao nos alinharmos com o que é verdadeiro usufruiremos de uma melhor saúde no futuro.
Amar a Verdade
Assim, quando dizemos «a verdade» referimo-nos ao que dizemos em relação ao que percepcionamos como tal, e também em relação à forma registada no mundo invisível. Se tivermos uma coisa em mente e a adulteramos, estamos a mentir. Se fizermos pouco esforço no sentido de vermos claramente, de sermos objectivos e se formos descuidados com a verdade, tornar-nos-emos igualmente culpados. Donde se conclui que temos de amar a Verdade para que possamos buscá-la e eventualmente encontrá-la.
Max Heindel escreve em A Teia do Destino que «mesmo na actualidade apenas uma pequena percentagem de pessoas está preparada para viver tão perto da verdade como a percepcionam, para a confessar e a professar perante os homens […]». Em tempos passados «o amor à verdade era quase desprezível» e os homens estavam naturalmente inclinados a «desrespeitar os interesses dos outros.
Egocentrismo
Ao mentirmos, fazemo-lo com um objectivo: a pessoa a quem mentimos, e o assunto sobre o qual mentimos. Ao mentir estamos a desrespeitar alguém e estamos a provar ser egocêntricos, protegendo os nossos próprios interesses, mesmo cobardemente. Seremos cobardes a este ponto? Pode ser que sim. Trouxemos connosco do passado, e ainda trazemos, estas tendência inatas de auto-interesse e auto-protecção. Mas temos necessidade de continuar a fazê-lo? Acho que não. Se a nossa jornada espiritual vai começar, ela tem de começar algures. Dizer a verdade é um ponto de partida bastante prático.
Não amamos o ser humano ou a Deus quando mentimos. Se vamos amar o próximo como a nós mesmos, então comecemos por fornecer respostas verdadeiras, que nós próprios acharíamos aceitáveis — nem mais nem menos, a quem quer que seja. Dizer a verdade tanto aos que amamos como aos que não amamos é uma maneira de realizar as máximas «Faz aos outros como gostarias que te fizessem a ti».

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